"A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam." (Auguste Rodin)

domingo, 25 de outubro de 2015

AVISO

Alunos das turmas 1V02 e 1V03

Trazer na próxima terça-feira dia 27/10 os materiais solicitados por Lucas e Geise para as oficinas.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

3ª Série - REALISMO - 3ª Unidade - 2015

Entre 1850 e 1900 surge nas artes europeias, sobretudo na pintura francesa, uma nova tendência estética chamada Realismo, que se desenvolveu ao lado da crescente industrialização das sociedades. O homem europeu, que tinha aprendido a utilizar o conhecimento científico e a técnica para interpretar e dominar a natureza convenceu-se de que precisava ser realista, inclusive em suas criações artísticas, deixando de lado as visões subjetivas e emotivas da realidade.
Os realistas buscavam mostrar a realidade tal qual ela se apresentava, demonstrando o que acontecia na sociedade sem ocultar ou distorcer os fatos.
São realistas os trabalhos de arte feitos pelos pintores, desenhistas, arquitetos e escultores que resolveram passar para suas obras a realidade que os circundava.

São características gerais:

* o cientificismo
* a valorização do objeto
* o sóbrio e o minucioso
* a expressão da realidade e dos aspectos descritivos

ARQUITETURA

A arquitetura adapta-se ao novo contexto social, tende a tornar-se realista ou científica.
Os arquitetos e engenheiros procuram responder adequadamente às novas necessidades urbanas, criadas pela industrialização. As cidades não exigem mais ricos palácios e templos. Elas precisam de fábricas, estações, ferroviárias, armazéns, lojas, bibliotecas, escolas, hospitais e moradias, tanto para os operários quanto para a nova burguesia do século XIX. As obras de engenharia e arquitetura passaram a ser realizadas com materiais novos surgidos a partir da Revolução Industrial, como o ferro fundido e o concreto armado. De início o ferro foi utilizado com o propósito unicamente utilitário; depois tornou-se o meio de suporte habitual para a cobertura de grandes espaços, como estações ferroviárias e bibliotecas públicas. Mas tarde, com objetivos mais ambiciosos, o ferro foi o material básico da delicada estrutura do palácio de cristal de Londres, construído em 1851 por Joseph Paxton e também da primeira construção francesa que adotou esse material em toda a sua estrutura e em 1889, Gustavo Eiffel levanta, em Paris, a Torre Eiffel, hoje logotipo da "Cidade Luz" com 300 metros de altura foi a construção mais alta da época.

ESCULTURA

A escultura realista não se preocupou com a idealização da realidade. Ao contrário, procurou recriar os seres tais como eles são. Além disso, os escultores preferiam os temas contemporâneos, assumindo muitas vezes uma intenção política em suas obras.
Dentre os escultores do período realista, o que mais se destaca é Auguste Rodin (1840-1917), cuja produção desperta severas polêmicas. Já seu primeiro trabalho importante, A Idade do Bronze, de 1877, causou uma grande discussão motivada pelo seu intenso realismo. Alguns críticos chegaram a acusar o artista de tê-lo feito a partir de moldes tirados do próprio modelo vivo. Mas é com São João Pregando, de 1879, que Rodin revela a sua característica fundamental: fixação do momento significativo de um gesto humano.
Obras destacadas: Balzac, Os Burgueses de Calais, O Beijo e O Pensador.


PINTURA

A tendência se expressa, sobretudo na pintura. As obras privilegiam cenas cotidianas de grupos sociais menos favorecidos. O tipo de composição e o uso das cores criam telas pesadas e tristes. O grande expoente é o francês Gustave Courbet (1819-1877). Para ele, a beleza está na verdade. Suas pinturas chocam o público e a crítica, habituados à fantasia romântica. São marcantes suas telas Os Quebradores de Pedra, que mostra operários, e Enterro em Ornans, que retrata o enterro de uma pessoa do povo. Outros dois nomes importantes que seguem a mesma linha são Honoré Daumier (1808-1879) e Jean-François Millet (1814-1875). Também destaca-se Édouard Manet (1832-1883), ligado ao naturalismo e, mais tarde, ao impressionismo. Sua tela Olympia exibe uma mulher nua que "encara" o espectador.

Características da pintura:

* Representação da realidade com a mesma objetividade com que um cientista estuda um fenômeno da natureza, ou seja, o pintor buscava representar o mundo de maneira documental;
A pintura deixa completamente de lado os temas mitológicos, bíblicos, históricos, pois o que importa é a criação a partir de uma realidade imediata e não imaginada.
* Ao artista não cabe "melhorar" artisticamente a natureza, pois a beleza está na realidade tal qual ela é;
* Revelação dos aspectos mais característicos e expressivos da realidade.

Temas da pintura:

* Politização: a arte passa a ser um meio para denunciar uma ordem social que consideram injustas; a arte manifesta um protesto em favor dos oprimidos.
* Pintura social denunciando as injustiças e as imensas desigualdades entre a miséria dos trabalhadores e a opulência da burguesia. As pessoas das classes menos favorecidas - o povo, em resumo - tornaram-se assunto frequente da pintura realista. Os artistas incorporavam a rudeza, a fealdade, a vulgaridade dos tipos que pintavam, elevando esses tipos à categoria de heróis. Heróis que nada têm a ver com os idealizados heróis da pintura romântica.

Principais pintores:

Courbet
Pintor francês Gustave Courbet (1819-1877) é considerado o criador do realismo social na pintura, pois procurou retratar temas da vida cotidiana, principalmente das classes populares. Manifesta sua simpatia particular pelos trabalhadores e pelos homens mais pobres da sociedade no século XIX.

Obra destacada: Os Britadores e Moças Peneirando o Trigo.

Jean-François Millet, sensível observador da vida campestre, criou uma obra realista na qual o principal elemento é a ligação ativa do homem com a terra. Foi educado num meio de profunda religiosidade e respeito pela natureza. Trabalhou na lavoura desde muito cedo. Seus numerosos desenhos de paisagens influenciaram, mais tarde, Pissarro e Van Gogh. É o caso, por exemplo, "Angelus".
Entre os artistas brasileiros, tem maior expressão o realismo burguês, nascido na França. Em vez de trabalhadores, o que se vê nas telas é o cotidiano da burguesia. Dos seguidores dessa linha se destacam Belmiro de Almeida (1858-1935), autor de Arrufos, que retrata a discussão de um casal, e Almeida Júnior (1850-1899), autor de O Descanso do Modelo. Mais tarde, Almeida Júnior aproxima-se de um realismo mais comprometido com as classes populares, como em Caipira Picando Fumo.

Referências:
PROENÇA, Graça. História da Arte. Ática. São Paulo. 2000.
_____________.Descobrindo a História da Arte. 1ª Ed. São Paulo. Ática. 2005.

LEONARDI, Ângela Cantele. Arte e Habilidade: 8º ano. IPEB, 2012

3ª Série - ROMANTISMO - 3ª Unidade - 2015

A França do século XVIII, passou por períodos que determinam grandes mudanças entre eles: Revolução Francesa (1789), com ideias fundamentais para a mudanças, pensamento. Ou seja, o homem aprendeu que havia a mobilidade social, isto é, não deveria conformar-se em nascer e morrer numa mesma classe social herdada dos seus antepassados e a religião deveria ser livre no indivíduo também livre, determinada pela crença na sua bondade que foi a ideia da liberdade; época de Napoleão Bonaparte, ou era Napoleônica, fixou essa imagem; após a queda de Napoleão, instalou-se na França a antiga monarquia, cuja preocupação fundamental foi recompor o país que estava em fase de revisão de valores.
O romantismo é definido de maneira geral, como uma reação ao Neoclassicismo francês que dominava as artes no século XVIII (historicamente situa-se entre 1820 e 1850) e à crença na razão humana que havia caracterizado o Iluminismo. Suas raízes estão em um período de grande renascimento cultural na Alemanha no final do século XVIII e no surgimento de um tipo de filosofia, conhecido como pensamento idealista, que teria um forte impacto na literatura, na filosofia, na estética e no pensamento político.
Enquanto os artistas neoclássicos voltaram-se para a imitação da arte Greco-romana e dos mestres do Renascimento italiano, submetendo-se às regras determinadas pelas escolas de belas artes, os românticos procuraram se libertar das convenções acadêmicas em favor da livre expressão da personalidade do artista. Assim, de modo geral, podemos afirmar que a característica mais marcante do Romantismo é a valorização dos sentimentos e da imaginação como princípios da criação artística.
Ao lado dessas características mais gerais, outros valores compuseram a estética romântica, tais como o sentimento do presente, o nacionalismo e a valorização da natureza.
A natureza é retomada como simples cenário, como ocorria no Neoclassicismo, mas como cúmplice dos sentimentos do artista, como expressão do seu estado de espírito. Assim, se ele está deprimido, tudo em ser redor está hostil, tempestades se aproximam, a Lua melancólica emoldura sua tristeza, à escuridão prevalece sobre a luz. Se está alegre o Sol brilha, os pássaros esvoaçam, as flores desabrocham.
Outra característica importante do romantismo é o misticismo. O gosto pelo sobrenatural e a postura espiritualista foram uma maneira de transcender a angústia, as incertezas de um tempo marcado pelo caos, pelo conflito. A noção de Deus por vezes se confunde com a noção de natureza. O artista fascinado pelo misterioso e sobrenatural, criou em suas obras uma atmosfera de fantasia e heroísmo, valorizando acima de tudo a emoção e a liberdade de criação.
É certo que para transmitir toda essa subjetividade, esse individualismo, os românticos pregavam a liberdade de criação, rebelando-se contra quaisquer regras, modelos ou imposições feitas à expressão artística. O caos apodera-se das normas e as subverte, e o resultado é inovador e interessante.

PINTURA ROMÂNTICA
Os artistas e escritores românticos se basearam nos temas históricos e na literatura da Idade Média.
A arte tornou-se uma manifestação individual; procura de autoidentificação na obra criava um mundo paralelo onde sonhos e os desejos se realizavam. Criavam para si, sem levar em consideração as regras e as formas acadêmicas.
Negavam os críticos e até o público. Mas, ao mesmo tempo, lançavam-se numa atitude revolucionária, as paixões e as incertezas para a aparentemente organizada e disciplinada sociedade burguesa.
Eram contraditórios, apesar do seu protesto, da sua tentativa de independência.
O romantismo foi o movimento essencialmente burguês, embora praticado por filhos de famílias aristocráticas e suas obras se tornavam, cada vez mais, mercadorias consumidas pelo público burguês.
Paralelamente com o sentimento de insegurança e não adaptação social surgiu o culto à morte. Morte voluptuosa, morrer de amor, morrer romanticamente.
A transformação pictórica destes temas, extraídos da literatura, originou uma pintura narrativa de cenas românticas.
O nacionalismo também passou a fazer parte das obras.
Desenvolveu-se cada vez mais a individualização e o ser humano tornou-se um “eu” sozinho enfrentando a vida, defrontando-se com a sociedade.
A corrente romântica de pensamentos, costumes e gostos atingiu toda a Europa até a metade do século XIX.
Ao negar a estética neoclássica, a pintura romântica aproxima-se das formas barrocas. Assim, os pintores românticos, como Goya, Delacroix, Turner e Constable, recuperam o dinamismo e o realismo que os neoclássicos haviam negado.
Características:
*          Composição em diagonal, que sugere instabilidade e dinamismo ao observador;
*          A cor é novamente valorizada e as cores fortes e os contrastes de claro-escuro reaparecem, produzindo efeitos de dramaticidade;
*          Valorização dos sentimentos e da imaginação como princípios da criação artística.
Quanto aos temas, os fatos reais da história nacional e contemporânea dos artistas despertam maior interesse do que os da mitologia grego-romana. Além disso, a natureza, relegada ao pano de fundo das cenas aristocráticas pelo Neoclassicismo, ganha importância. Ela mesma passa a ser o tema da pintura. Ora calma, ora agitada, a natureza exibe, na tela dos românticos, um dinamismo equivalente às emoções humanas.
Nas artes plásticas, o romantismo deixou importantes marcas. Artistas como o espanhol Francisco Goya e o francês Eugène Delacroix são os maiores representantes da pintura desta fase. Estes artistas representavam a natureza, os problemas sociais e urbanos, valorizavam as emoções e os sentimentos em suas obras de arte. Na Alemanha, podemos destacar as obras místicas de Caspar David Friedrich, enquanto na Inglaterra John Constable traçava obras com forte crítica à urbanização e aos problemas gerados pela Revolução Industrial.
As obras dos pintores brasileiros buscavam valorizar o nacionalismo, retratando fatos históricos importantes. Desta forma, os artistas contribuíam para a formação de uma identidade nacional. As obras principais deste período são : A Batalha do Avaí de Pedro Américo e A Batalha de Guararapes de Victor Meirelles. 

Goya: As primeiras manifestações românticas na pintura foram realizadas por Francisco de Goya (1746-1828), que, apesar de pertencer à academia, não seguia as regras do racionalismo neoclássico. Em muitas de suas pinturas há contrastes de luz e sombra que dão um efeito dramático à cena.
O espanhol Francisco José Goya y Lucientes (1746-1828) usou temas diversos: retratos da corte espanhola e do povo, os horrores da guerra, a ação incompreensível de personagens fantásticas e cenas históricas.

Delacroix: É talvez o maior representante da pintura romântica, mas sua importância ainda é maior, pois superando os problemas específicos deste movimento, foi um inovador da pintura, e sobre os seus estudos, desenvolveram-se mais tarde as pesquisas do Impressionismo.
Artista famoso pela intensidade de suas cores e por experimentos que o levaram a revolucionar a maneira de trabalhar os tons, Eugène Delacroix é o mais conhecido representante do estilo romântico na pintura.
Considerado o maior expoente do Romantismo na arte, era um artista que acreditava que sua pintura tinha por dever expressar todo tipo de experiência emocional intensa: paixão, luxúria, tristeza, violência, morte, vitórias e derrotas. Seu uso inovador das cores, deixando de lado a tradicional técnica do "sfumato" ao se pintar sombras, também é marcante: Delacroix sobrepunha cores complementares para obter maior riqueza e vivacidade em suas telas (cada uma das três cores primárias possui sua complementar, que resulta da fusão das outras duas).
Comparava as combinações de cor com as combinações musicais.
Para Delacroix, as cores não se encontravam prontas na paleta. Eram criadas por tonalidades justapostas, mesclavam-se na vista do observador.
Se na natureza não há cor preta, também na pintura não devia haver cores mortas e neutras.
Aos 29 anos, o francês Eugène Delacroix (1799-1863) viveu uma importante experiência: visitou Marrocos, no norte da África, com a missão de documentar, por meio da pintura, os hábitos e costumes das pessoas daí. Mas Delacroix tornou-se famoso também por retratar a agitação das ruas.

PAISAGEM ROMANTICA: A pintura paisagística já havia se desenvolvido no século XVIII, mas foi no período romântico que ganhou nova força, principalmente na Inglaterra. A paisagem romântica caracterizava-se, de um lado, por seu realismo e, por outro, pela recriação das contínuas modificações das cores da natureza causadas pela luz solar.
Joseph Mallord William Turner (1775-1851) representou os grandes movimentos da natureza, mas por meio de estudo da luz que a natureza reflete, procurou descrever uma certa “atmosfera” da paisagem. Turner combina os tons claros como  o amarelo e o laranja, são mantidos puros, isto é não foram neutralizados com o branco.
Obras: “O Grande Canal”, e “Chuva, Vapor e Velocidade”.

John Constable (1776-1837) ao contrário de Turner, a natureza retratada por Constable é serena e profundamente ligada aos lugares onde o artista nasceu, cresceu e trabalhou ao lado do pai. Muitos elementos de suas paisagens – os moinhos de vento, as barcaças carregadas de cereais faziam parte da vida cotidiana do artista quando jovem.

ARQUITETURA

A arquitetura do romantismo foi marcada por elementos contraditórios, fazendo dessa forma de expressão algo menos expressivo. O final do século XVIII e início do XIX foram marcados por um conjunto de transformações, envolvendo a industrilaização, valorizando e rearranjando a vida urbana. A arquitetura da época reflete essas mudanças; novos materiais foram utilizados como o ferro e depois o aço.
Ao mesmo tempo, as igrejas e os castelos fora dos limites urbanos, conservaram algumas característica de outros períodos, como o gótico e o clássico. Esse reaparecimento de estilos mais antigos teve relação com a recuperação da identidade nacional.
A urbanização na Europa determinou a construção de edifícios públicos e de edifícios de aluguel para a média e alta burguesia, sem exigências estéticas, preocupadas apenas com o maior rendimento da exploração, e, portanto esqueceu-se do fim último da arquitetura, abandonando as classes menos favorecidas em bairros cujas condições eram calamitosas.
Entre os arquitetos mais reconhecidos desse período historicista ou eclético, deve-se mencionar Garnier, responsável pelo teatro da Ópera de Paris; Barry e Puguin, que reconstruíram o Parlamento de Londres; e Waesemann, na Alemanha, responsável pelo distrito neogótico de Berlim. Na Espanha deu-se um renascimento curioso da arte mudéjar na construção de conventos e igrejas, e na Inglaterra surgiu o chamado neogótico hindu. Este último, em alguns casos, revelou mais mau gosto do que arte.
No Brasil, a arquitetura romântica sofreu influência europeia, principalmente francesa.
Os lucros do café proporcionaram o desenvolvimento de nossa arquitetura (época imperial). Foram construídos vários edifícios públicos e particulares, sobrados e palacetes, igrejas e teatros.

ESCULTURA

A escultura romântica não brilhou exatamente pela sua originalidade, nem tampouco pela maestria de seus artistas. Talvez se possa pensar nesse período como um momento de calma necessário antes da batalha que depois viriam a travar o impressionismo e as vanguardas modernas. Do ponto de vista funcional, a escultura romântica não se afastou dos monumentos funerários, da estátua eqüestre e da decoração arquitetônica, num estilo indefinido a meio caminho entre o classicismo e o barroco.
A grande novidade temática da escultura romântica foi a representação de animais de terras exóticas em cenas de caça ou de luta encarniçada, no melhor estilo das cenas de Rubens. Não abandonaram os motivos heróicos e as homenagens solenes na forma de estátuas superdimensionadas de reis e militares. Em compensação, tornou-se mais rara a temática religiosa. Os mais destacados escultores desse período foram Rude e Barye, na França, Bartolini, na Itália, e Kiss, na Alemanha.

Referências:
PROENÇA, Graça. História da Arte. Ática. São Paulo. 2000.
_____________.Descobrindo a História da Arte. 1ª Ed. São Paulo. Ática. 2005.

LEONARDI, Ângela Cantele. Arte e Habilidade: 8º ano. IPEB, 2012

3ª Série - NEOCLASSICISMO - 3ª Unidade - 2015

Nas últimas décadas do século XVIII e nas primeiras do século XIX, uma nova tendência estética predominou na arte europeia denominado Neoclassicismo, ou Academicismo. Neoclassicismo, no grego neo, “novo”, significa “novo classicismo”, retomada da cultura clássica, greco-romana. Academicismo vem do fato de as concepções clássicas serem a base para o ensino nas academias, as escolas de belas-artes mantidas pelos governos europeus.
O século XIX, porém, passou por fortes mudanças, decorrentes da Revolução Industrial e da Revolução Francesa, no fim do século XVIII. A arte refletiu essas mudanças, tornando-se mais complexa e dando lugar a vários movimentos artísticos. Enquanto os artistas neoclássicos submetiam-se às regras das academias, outros buscavam libertar-se delas e expressar livremente seus sentimentos e sua imaginação.
A afirmação do Neoclassicismo deve-se em parte à curiosidade pelo passado desencadeada pelas escavações arqueológicas de Pompéia e Herculano, cidades italianas soterradas pela larva do vulcão Vesúvio no ano de 79 d.C. Desta maneira, as formas gregas e romanas serviram de modelo aos artistas neoclássicos, que se reelaboraram com base nos princípios de racionalidade, proporção, medida, simetria e nitidez, além de serem valorizadas também as regras acadêmicas, como o equilíbrio entre o claro-escuro e a perspectiva. Os temas clássicos reapareceram, contudo foram retratados por meio de personagens da nobreza e da burguesia. Esses artistas influenciados pelas ideias iluministas (filosofia que pregava a razão, o senso moral e o equilíbrio em oposição à emoção) e inspirados na pintura renascentista, sobretudo em Rafael, substituíram as linhas horizontais e verticais com traços firmes e equilibrados. Os neoclassicistas queriam expressar as virtudes cívicas, o dever, a honestidade e a austeridade (severidade, rigor), temas que se opunham diretamente à frivolidade da aristocracia retratada no Barroco e Rococó.
De acordo com a tendência neoclássica, uma obra de arte só seria perfeitamente bela na medida em que imitasse não só as formas da natureza, mas as que os artistas clássicos gregos e os renascentistas italianos já haviam criado. E esse trabalho de imitação só era possível através de um cuidadoso aprendizado das técnicas e convenções da arte clássica. Por isso, o convencionalismo e o tecnicismo reinaram nas academias de belas-artes, até serem questionados pela arte moderna.

ARQUITETURA NEOCLÁSSICA

A arquitetura neoclássica seguiu o modelo dos templos Greco-romanos ou o das edificações do Renascimento italiano e é caracterizada pelo uso de fachadas sóbrias, nas quais colunas dóricas ou jônicas sustentam frontões triangulares. Ela predominou tanto nas construções civis quanto nas religiosas. A primeira manifestação da arquitetura neoclássica iniciou-se na Inglaterra em 1730, quando vários arquitetos visitaram a Itália e a Grécia e começaram a concretizar o resultado de suas observações. Posteriormente difundiu-se na Europa e na América. Exemplos dessa arquitetura é a Igreja de Santa Genoveva, transformada depois no Panteão Nacional, em Paris, a Porta de Brandemburgo, em Berlim.
A Igreja de Santa Genoveva foi projetada por Jacques Germanin Souflot (1713-1780), que pode ser considerado um dos primeiros arquitetos neoclássicos. Ele concebeu a planta do edifício com a forma de uma cruz grega, um pórtico (galeria com colunata ou arcada, construída na entrada de um edifício) de seis colunas e um frontão onde se encontram trabalhos escultóricos de David d’Angers (1788 – 1856).
A Revolução de 1789 transformou essa igreja em Panteão Nacional, onde passaram a ser abrigados os restos mortais de importantes personagens da história francesa.
A Porta de Brandemburgo, em Berlim, é uma obra do arquiteto Karl Gotthard Lanhans (1732–1808) e foi construída entre 1789 e 1794. Nesse monumento, importantes colunas dóricas apóiam um pavimento retangular sobre o qual está um belíssimo conjunto escultórico de Gottfried Shadow (1764-1850), constituído por uma quadriga (conjunto de quatro cavalos que puxam um carro) de bronze conduzido pela deusa da Vitória.

Algumas características da arquitetura são:
Materiais nobres (pedra, mármore, granito, madeiras)
Processos técnicos avançados
Sistemas construtivos simples
Uso de abóbodas de berço ou de aresta
Uso de cúpulas, com frequência marcadas pela monumentalidade
Pórticos colunados (é local coberto à entrada de um edifício, de um templo ou de um palácio.)
Entablamentos direitos
Frontões triangulares

PINTURA NEOCLÁSSICA

Há dois aspectos relevantes no trabalho dos artistas que reagiram ao Neoclassicismo: a valorização da cor e os contrastes de claro-escuro. Quanto aos temas, eles se interessaram mais pelos fatos de sua época que pela mitologia greco-romana. A natureza também passa a ser tema da pintura.
A pintura desse período foi inspirada principalmente na escultura grega e na pintura renascentista italiana, sobretudo em Rafael, mestre inegável do equilíbrio da composição e da harmonia do colorido.
Segundo o Neoclassicismo, a obra de arte só seria perfeitamente bela se imitasse as formas criadas pelos artistas clássicos gregos e pelos renascentistas italianos. E esse trabalho de imitação só seria possível por meio de um cuidadoso aprendizado das técnicas clássicas.
O maior representante da pintura neoclássica é, sem dúvida, Jacques-Louis David (1748-1825). Ele nasceu em Paris e foi considerado o pintor da Revolução Francesa; mais tarde tornou-se o pintor oficial do Imperador Napoleão.
Durante o governo de Napoleão, registrou fatos históricos ligados à vida do imperador, dentre os quais estão a sua coroação e travessa dos Alpes.
David sem dúvida exerceu uma grande influência na pintura de seu tempo. Suas pinturas estavam afinadas
com a época em que vivia, exaltavam a serenidade, o auto-sacrifício e o dever cívico.


Em 1794 David foi preso, acusado de traição, mas acabou sendo libertado seis meses depois graças à intervenção de sua ex-esposa, que se divorciara dele por diferenças políticas (ela apoiava a Monarquia). Na prisão, David iniciou O Rapto das Sabrinas, obra em que mostra seu perfeito domínio do dramático numa cena retirada da lenda romana.

Acredita-se que David escolheu o tema em homenagem à sua fiel esposa, com a qual se casou novamente ao sair da prisão. Entretanto, essa obra foi interpretada pelos seus contemporâneos como uma expressão da necessidade de amenizar o conflito civil que ocorreu na França após a Revolução.

ESCULTURA NEOCLÁSSICA

A escultura neoclássica também buscou inspiração na Antiguidade Greco-romana. Entre os escultores que mais se destacaram está o italiano Antônio Canoa (1757-1822), considerado o mestre universal do estilo neoclássico e admirado pelos críticos de arte. Produziu estátuas e diversos monumentos, como, por exemplo, o retrato simbólico de Paolina Bonaparte, irmã de Napoleão Bonaparte.
O gosto neoclássico se renovou também nas obras de arte decorativas, nos objetos pessoais, nos tecidos, nos vasos, na prataria, na ourivesaria etc.

Temas: históricos, literários, alegóricos e mitológicos. Serviram de base para a representação de figuras humanas com poses semelhantes às dos deuses gregos e romanos.
Estatuária: representou figuras de corpo inteiro ou bustos e relevos pouco pessoais glorificando e fazendo publicidade a políticos ou figuras importantes das cidades (praças, casas de nobres e burgueses ou cemitérios).
Relevos: têm o mesmo sentido honorífico e alegórico da estatuária e revestem as frontarias de edifícios públicos ou de palácios.
Formas de Representação: de inspiração clássica foram representados com toda a minúcia, os corpos eram nus ou seminus, formas reais, serenas e de composição simples. Rostos individualizados (das pessoas que queriam representar), mas com pouca expressividade. Seguiram os cânones da escultura clássica, sem qualquer liberdade criativa.
Técnica: são obras perfeitamente conseguidas, onde a sua concepção se baseia em maquetas de barro ou gesso para um primeiro estudo. Acabamentos rigorosos e relevos de pouca profundidade.
Materiais:  mármore branco que representava a pureza, limpidez e brilho, e o  bronze, mas em menor quantidade.

Referências:
PROENÇA, Graça. História da Arte. Ática. São Paulo. 2000.
_____________.Descobrindo a História da Arte. 1ª Ed. São Paulo. Ática. 2005.

ATIVIDADE
Após a leitura do texto responda:
01. Que fatores contribuíram para o aparecimento do Neoclassicismo?
02. Qual a influência sofrida pelos artistas neoclássicos?
03. Que artista mais se destacou no período neoclássico? Liste as características das suas obras.
04. Comente sobre a arquitetura neoclássica destacando as suas características.
05. Quais as características da pintura neoclássica?

terça-feira, 6 de outubro de 2015

1ª Série - Texto 4 - A EVOLUÇÃO DA DANÇA TEATRAL -

BALLET CLÁSSICO

O Ballet Clássico foi durante muito tempo a maior expressão artística do movimento corporal nos palcos do mundo com sua estética de elevação, equilíbrio, harmonia, elegância e graça, utilizando passos preexistentes.
Como vimos no texto anterior, a história do ballet começou há 500 anos atrás na Itália. Nessa época os nobres italianos divertiam seus ilustres visitantes com espetáculos de poesia, música, mímica e dança. Esses divertimentos apresentados pelos cortesãos eram famosos por seus ricos trajes e cenários muitas vezes desenhados por artista célebre como Leonardo da Vinci. Os ballets da corte possuíam graciosos movimentos de cabeça, braços e tronco e pequenos e delicados movimentos de pernas e pés, dificultados pelo vestuário feito com material e ornamentos pesados. Era importante que os membros da corte dançassem bem e, por isso, surgiram os professores de dança que viajavam por vários lugares ensinando danças para todas as ocasiões como: casamento, vitórias em guerra, alianças políticas, etc.
Após a chegada na França desse tipo de espetáculo através de Catarina de Médicis a corte francesa passou a se dedicar bastante a eles, tornando os espetáculos cada vez mais elaborados e profissionais. Luiz XIV, rei com 5 anos de idade, amava a dança e tornou-se um grande bailarino: com 12 anos dançou, pela primeira vez, no ballet da corte. A partir daí tomou parte em vários outros espetáculos aparecendo como um deus ou alguma outra figura poderosa. Recebeu o título "REI SOL", por conta de um espetáculo que durou mais de 12 horas. Este rei fundou em 1661, a Academia Real de Ballet e a Academia Real de Música e 8 anos mais tarde, a Escola Nacional de Ballet. A dança se tornou mais que um passatempo da corte, se tornou uma profissão e os espetáculos de ballet foram transferidos dos salões para teatros. Em princípios, todos os bailarinos eram homens, que também faziam os papéis femininos, mas no fim do século XVII, a Escola de Dança passou a formar bailarinas mulheres, que ganharam logo importância, apesar de terem seus movimentos ainda limitados pelos complicados figurinos. Uma das mais famosas bailarinas foi Marie Camargo, que causou sensação por encurtar sua saia, calçar sapatos leves e assim poder saltar e mostrar os passos executados.
Com o desenvolvimento da técnica da dança e dos espetáculos profissionais, houve necessidade do ballet encontrar, por ele próprio, uma forma expressiva, verdadeira, ou seja, dar um significado aos movimentos da dança. Assim no final do século XVIII, um movimento liderado por Noverre, inaugurou o "Ballet de Ação", isto é, a dança passou a ter uma narrativa, que apresentava um enredo e personagens reais, modificando totalmente a forma do Ballet de até então.
No século XIX o Romantismo transformou todas as artes, inclusive o ballet, que inaugurou um novo estilo romântico onde aparecem figuras exóticas e etéreas se contrapondo aos heróis e heroínas, personagens reais apresentados nos ballets anteriores. Esse movimento é inaugurado pela bailarina Marie Taglioni, portadora do tipo físico ideal ao romantismo, para quem foi criado o ballet "La Silfide", que mostra uma grande preocupação com imagens sobrenaturais, sombras, espíritos, bruxas, fadas e mitos misteriosos; este ballet tomava o aspecto de um sonho e encantava a todos, principalmente pela representação da bailarina que se movia no palco com inacreditável agilidade na ponta dos pés, dando a ilusão de que saía do chão. O período Romântico na Dança, após algum tempo, empobreceu-se na Europa, ocasionando o declínio do ballet. Isso, porém, não aconteceu na Rússia, graças ao entusiástico patrocínio do Czar. As companhias do ballet Imperial em Moscou e São Petersburgo (hoje Leningrado) foram reconhecidas por suas grandes produções e muitos bailarinos e coreógrafos franceses foram trabalhar com eles. O francês, Marius Petipa, fez uma viagem à Rússia em 1847, pretendendo dar um passeio rápido, mas também se tornou coreógrafo chefe e ficou lá para sempre. Sob sua influência, o centro mundial da dança transferiu-se de Paris para São Petersburgo. Durante sua estada na Rússia, Petipa coreografou célebres ballets, todos muito longos (alguns tinha 5 ou 6 atos) reveladores dos maiores talentos de uma companhia. Petipa sempre trabalhou junto aos compositores e foi com Tchaikowsky que ele criou três dos mais Importantes ballets do mundo: a "Bela Adormecida", o "Quebra-Nozes" e o "Lago dos Cisnes". O sucesso de Petipa não foi eterno. No final do século XIX ele foi considerado ultrapassado e mais uma vez o ballet entrou em decadência.
Chegara o momento para outra linha revolucionária, desta vez por conta do russo Serge Diaghilev, editor de uma revista de arte que, junto com amigos artistas estava cheio de idéias novas prontas para serem colocadas em prática. São Petersburgo, porém não estava pronta para mudanças e ele se mudou para Paris, onde, após promover os pintores e músicos russos, finalmente em 1909 promoveu o ballet russo. Diaghilev trouxe para a França os melhores bailarinos das Companhias Imperiais, como Anna Pavlova e Nijinsky e alguns ballets de  Mikhail Fokine, a quem a crítica francesa fez os melhores comentários. Para Fokine, a dança deveria ser interpretativa, mostrando o espírito dos atores, em harmonia com a música e as artes plásticas. O mais célebre bailado de Anna Pavlova - A Morte do Cisne - foi criado por ele, além de outros 68 bailados, representados até hoje no mundo inteiro.
Os russos foram convidados a voltar ao seu país em 1911 e Diaghielev formou sua própria Companhia, o "Ballet Russo", começando uma nova era no ballet. Nos dezoito anos seguintes, até a morte de Diaghilev, em 1929, o Ballet Russo encantou platéias na Europa e América, devido à sua popularidade e capacidade do seu criador em descobrir novos talentos.
No momento atual as peças de ballet clássico são cheias de variedades e contrastes. Trabalhos antigos (chamados Ballets de Repertório) se apresentam no mundo inteiro ao lado de outros, como os ballets baseados em romances de Shakespeare e ainda criações recentes assinadas por coreógrafos contemporâneos e dançadas também por bailarinos do nosso tempo. Qual será próximo passo? Na sua longa história, o ballet tomou muitas direções diferentes e, por ser uma arte muita viva, ainda continua em mudança. Mas, apesar das novas danças e das tendências futuras sempre existe e existirá um palco e uma grande platéia para os trabalhos tradicionais e imortais de Ballet Clássico.

BALLET CONTEMPORÂNEO

O Ballet Contemporâneo foi criado no início do século XX e ainda preserva o uso das pontas e gestuais muito próximos do Ballet Clássico. Nesse estilo de dança as coreografias diferem do método clássico por não mais haver uma história que siga uma sequência de fatos lógicos, mas sim aqueles passos tradicionais fortemente misturados com sentimentos. As roupas usadas no Ballet Contemporâneo são, geralmente, collants e malhas, que dão maior liberdade de movimento aos bailarinos. É o estilo que vem antes da Dança Moderna, esta sim, que esquecerá os passos clássicos, dando mais ênfase aos movimentos do corpo.

DANÇA MODERNA

A expressão Dança Moderna se refere às escolas e movimentos da história da dança referentes ao período da modernidade. A Dança Moderna teve raízes e intenções bem distintas. Os bailarinos dançam descalços, trabalham contrações, torções, desencaixe etc, e seus movimentos são mais livres, embora respeitem uma técnica fechada.
A Dança Moderna começou na América no início do século 20 quando os antecessores dos artistas que hoje conhecemos, começaram sua própria rebelião contra a formalidade do balé e da previsibilidade das populares mostras de dança do período. Estes pioneiros procuravam maneiras modernas e pessoais de expressar como se sentiam através da dança. Esta forma de dança vem produzir uma estética de movimentos baseada nas ações cotidianas do homem contemporâneo, considerando seu histórico sociocultural e afetivo. Assim, a Dança Moderna surgiu como uma ruptura nos padrões rigorosos do academicismo do ballet clássico, pesquisando-se novos caminhos pela arte para a expressão humana através do movimento corporal.
Entre os que começaram este movimento estão as americanas: Isadora Duncan e Ruth St Denis; o suíço Emile Jacque Dalcrose e o húngaro Rudolf von Laban.
No início do século XX, Rudolf Von Laban (1879-1958), lança as bases de uma nova dança, elaborando os componentes essenciais do movimento corporal: espaço, tempo, peso e fluência.
Nascida nos Estados Unidos, Isadora Duncan (1878-1927) foi a grande pioneira na dança moderna. Isadora inspirava-se na contemplação da natureza, podendo sentir e transformar-se em elementos desta rica natureza. A música clássica é sua fonte de emoções traduzidas em movimentos corporais. Seus modelos estéticos são os gregos, figuras de vasos e esculturas. Sempre se apresentava de túnica grega, descalça e com sua echarpe inseparável. O plexo solar era sua fonte principal de movimento. Este princípio foi utilizado por muitos pioneiros de escolas de dança moderna, tanto nos Estados Unidos como na Europa. Antes da sua trágica morte, em 1927, estrangulada por sua própria echarpe, presa na roda de seu carro em movimento, escreveu suas memórias, My Life, que narra toda a sua vida intensa.
Martha Graham (1894–1991) Começa como aluna de Dança Moderna, faz carreira solo e cria sua companhia de dança em 1929, com alunos de sua escola. Entre pesquisas e reflexões ela estabelece os fundamentos de sua dança. Rejeita a relação de Isadora Duncan com os ritmos da natureza, afirmando que não quer ser flor, árvore, onda ou nuvem. Sua busca passa a ser expressar a cultura norte americana e a problemática do século XX, no qual a máquina interfere no ritmo do gesto humano e a guerra interfere profundamente nas emoções, desencadeando os instintos. Martha Graham influenciou diretamente nos estudos do coreógrafo Merce Cunningham, que muito contribuiu para o surgimento da dança pós-moderna, influenciando artistas como: Alwin Ailey, Paul Taylor e Twyla Tharp, muito conhecidos no mundo inteiro.
Depois de Martha Graham, também vieram muitos outros nomes que enriqueceram ainda mais o cenário da época (entre eles Doris Humphrey, Lester Horton e José Limon). Suas técnicas se parecem em alguns pontos, mas se diferenciam em muitos outros. Suas escolas continuam a existir muito fortemente nos Estados Unidos, um dos berços da Dança Moderna.
As convulsões sociais e artísticas do final dos anos 1960 e 1970 sinalizaram momentos ainda mais radicais da dança moderna. A Dança moderna atual é muito mais sofisticada, tanto em técnica quanto em tecnologia, sendo bastante procurada e dançada também pelos bailarinos clássicos. Os bailarinos nessas danças são inteiramente compostos de espírito, alma, coração e mente. A preocupação com os problemas sociais e da condição do espírito humano ainda existe, porém as questões são apresentadas com uma teatralidade muito grande que teria chocado muitos dos primeiros bailarinos modernos. Com a Segunda Guerra Mundial chegaram ao Brasil diversos artistas renomados que procuraram escapar deste conflito, trazendo consigo novas idéias no campo estético que contribuiram para a divulgação das propostas modernas de dança no país. Luiz Arrieta, Maria Duschenes, Marika Gidali, Maryla Gremo, Nina Verchinina, Oscar Araiz, Renée Gumiel e Ruth Rachou. A maioria se instalou no eixo Rio - São Paulo, colaborando através de seus ensinamentos para a formação de uma nova geração de dançarinos conectados às propostas da dança moderna.
DANÇA CONTEMPORÂNEA

Dança contemporânea é o nome dado para uma determinada forma de dança do século XX até os dias de hoje. É a dança voltada para o presente-futuro. A dança contemporânea passou a trazer à discussão o papel de outras áreas artísticas na dança, como vídeo, música, fotografia, artes plásticas, performance, cultura digital e softwares específicos, que permitem alterações do que se entende como movimento, tornando movimentos reais em virtuais ou vice-versa. Dessa forma, surgem vertentes como a videodança, tornando mais próximas as relações entre as diferentes áreas da dança e também entre as diversas linguagens artísticas. Segundo Rengel (2006) a dança contemporânea abandona algumas hierarquias, no sentido que um dançarino não é melhor que o outro. É uma dança que pode ser realizada em diversos ambientes e não impõe modelos rígidos aos corpos que dançam. Propõe estímulos aos processos de criação, pesquisa do movimento e suas potencialidades.
A dança contemporânea busca uma ruptura total com a formalidade dos outros estilos de dança, chegando às vezes até mesmo a deixar de lado a estética: o que importa é a transmissão de ideias, conceitos e sentimentos. Solos de improvisação são bastante freqüentes. A dança contemporânea não possui uma técnica única estabelecida, todos os tipos de pessoas podem praticá-la. Esse tipo de dança modificou o espaço, usando não só o palco como local de referência. Sua técnica é tão abrangente que não delimita os utensílios usados nem roupas, músicas, espaço ou movimento. Um olhar contemporâneo entende a Dança como processo de cognição (como pensamento do corpo) e reconhece a Dança como produto e modo de produzir conhecimento ao mesmo tempo. Dessa forma, produzir dança é produzir conhecimento, lembrando que este é um processo que não acontece em corpos separados, individualizados: ele pressupõe o corpo sempre relacionado com um contexto externo a ele mesmo (mundo, outras pessoas, outras linguagens artísticas, etc).


JAZZ DANCE

Como a música que inspirou, o jazz tem as suas raízes na comunidade Africano-Americana dos Estados Unidos. Várias formas de jazz foram realizadas até o final dos anos 1800, e na época da Primeira Guerra Mundial tinha se tornado uma dança bem aceita e bem conhecida.
Este estilo de dança passou a influenciar fortemente a Broadway e, por sua vez, Hollywood e também o balé e a dança moderna.
Normalmente os seus bailarinos fazem aulas de ballet, onde aprendem controle, habilidade, e condições para o seu corpo dançar. Uma vez os bailarinos tendo a disciplina e técnica do balé, podem complementar com o jazz. Se forem qualificados, os bailarinos de jazz podem aparecer em grande demanda nos filmes, produções da Broadway e em todo o mundo, com a possibilidade de trabalhar em uma grande variedade de estilos.
O Jazz é conhecido por ser fortemente imprevisível, graças às suas influências Africanas. As movimentações dos bailarinos de jazz podem ser lentas, graciosas ou eles podem se mover com agilidade e rapidez, executando saltos fantásticos e outras proezas. Como resultado, eles devem ser fisicamente muito flexíveis, e muito preocupados com a música e o ritmo. Esta forma de dança não tem necessariamente de ser realizada com a música jazz, embora muitas vezes seja; com muita criatividade pode-se usar músicas de todos os estilos.
O jazz tem certas características marcantes como o isolamento (utilização de cada parte do corpo separadamente), uma explosão de energia que se irradia dos quadris e um ritmo pulsante que dá o balanço certo e a qualidade do movimento.
As diferentes técnicas de Jazz Dance tem demonstrado que muitos princípios foram herdados do Ballet Clássico e da Dança Moderna, e alguns professores tem divulgado e desenvolvido seus métodos de fundamentação técnica para a formação de bailarinos cada vez mais ecléticos. Atualmente o Jazz tem sido bastante influenciado pelos movimentos do hip hop, street dance e de outros movimentos de danças urbanas.
Poucos sabem qual será o futuro e suas novas influências, mas o que se pode afirmar é que até hoje, o Jazz tem sido uma das formas mais importantes da expressão artística da atualidade.

SAPATEADO

Sem registros históricos que possam precisar datas e locais, sabe-se muito pouco a respeito das origens do sapateado: algumas das suas primeiras manifestações datam de meados do século V. Posteriormente, desenvolveu-se a partir do período da primeira Revolução Industrial. Os operários costumavam usar tamancos (clogs) para isolar a umidade que subia do solo e, nos períodos livres, reuniam-se nas ruas para exibir sua arte: quem fizesse o maior e mais variado número de sons com os pés, de forma mais original, seria o vencedor. Por volta de 1800, sapatos foram adaptados especialmente para esta dança. Os calçados ficaram mais flexíveis, feito de couro, e moedas eram fixadas à sola, para que o som fosse mais limpo. Mais tarde, finas placas de metal (taps) passaram a ser fixadas no lugar das moedas, o que aumentou ainda mais a qualidade do som.
Nos Estados Unidos desenvolveu-se o chamado sapateado americano, introduzido no país por volta da primeira metade do século 19, na fusão que uniu ritmos e danças dos escravos, que já possuiam um estilo de dança próprio baseado nos sons corporais, com os estilos de sapateado praticados pelos imigrantes irlandeses e colonizadores ingleses.
A forma irlandesa do sapateado - também chamada de Irish Tap Dance – concentra o movimento nos pés e o tronco permanece rígido; já os americanos realizam sua Tap Dance esbanjando ritmos sincopados e movimentos com o corpo todo, abrindo a dança para o estilo próprio de cada executor. O sapateado americano acrescentou à forma irlandesa da dança toda a riqueza musical e de movimentos dos ritmos dançados pelos africanos e com isso criou uma modalidade de dança ímpar e que se espalharia, posteriormente, por todo o território dos EUA e, durante o século XX, por diversos outros países.
A partir da década de 30 o sapateado ganhou força e popularidade com os grandes musicais, que contavam com a participação de nomes como Fred Astaire, Gene Kelly e Ginger Rogers. Depois de um período de declínio do final da década de 50 ao inicio dos anos 70, o sapateado americano passou por uma revitalização, impulsionando toda uma nova geração, de onde surgiram nomes como o do grande astro Savion Glover, coreógrafo dos pinguins do filme Happy Feet.
Profissionais de sapateado americano realizam periodicamente workshops e shows internacionais, levando a arte do sapateado para diversos países: além da Irlanda e Estados Unidos, países como França, Austrália, Alemanha, Espanha, Israel e Brasil possuem grupos, coreógrafos e estúdios de sapateado de grande importância. O Brasil, em particular, recebe anualmente diversos profissionais americanos como forma de intercâmbio entre os grandes mestres da tap dance e os diversos núcleos de sapateado existentes por todo o território nacional.

DANÇA FLAMENCA
Dança de origem cigana, o Flamenco é uma forma de expressão artística que reflete a cultura da Andaluzia, que ao longo dos anos se foi definindo e transformando na mais conhecida expressão da cultura espanhola.
As 3 principais ferramentas do flamenco são o canto, a guitarra e a dança.Porém mais importante que a sua história e as suas técnicas, o flamenco é uma atitude, é a manifestação da alma de uma pessoa. Dançar flamenco é colocar para fora sentimentos e emoções trancadas e compartilhá-las através da musica, do canto, do baile e dos sapateados.
Flamenco é antes de tudo emoção, sentimento, expressão interior e prazer! No baile, o movimento dos braços, os círculos com as mãos, a postura com os punhos, a intensa expressão do rosto, a força de marcar o ritmo no chão, a técnica do sapateado, o movimento das saias, a movimentação e a energia transmitida são, sem dúvida, as características mais particulares da dança flamenca. Os pés golpeiam o chão, alternando passos vigorosos e sutis. As palmas marcam o compasso e enchem de vida cada passo. No rosto dos bailarinos percebe-se a dor ou a alegria da guitarra e da voz do "cantor".
O flamenco é uma dança sedutora. Através do Flamenco, ritmo que ganhou maior expressão na Espanha, os ciganos que vieram primeiramente para o Brasil, encantaram nobres e plebeus nas festas do Campo de Sant’Ana e do pátio interno do Paço Imperial, no Centro do Rio de Janeiro, conhecido como Pátio dos Ciganos.
Quem assiste a um baile flamenco, sente que os movimentos dos corpos dos bailarinos comunicam um sentimento forte, fruto de uma revolta e de um grande inconformismo, cheio de altos e baixos emocionais. É mesmo impossível não perceber que nos seus sapateados a dança flamenca marca o compasso do coração humano, que ora salta de alegria e outras horas arde de dor e tristeza. Dança de movimento vibrante, o grande êxtase do Flamenco é mostrar o vigor e a vitalidade dos movimentos de mãos, braços e sapateados que traduzem paixão, alegria, a melancolia transformada em força e o amor pela vida, justificando a resistência a todas as formas de perseguições.


Fontes

BOURCIER, Paul. História da dança no ocidente. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
DANCAN, Isadora. Minha vida. São Paulo: Círculo do Livro, —
FARO, Antônio José. Pequena História da Dança. Rio de Janeiro: Zahar, 1986.
LABAN, Rudolf. Dança Educativa Moderna. São Paulo: Ícone. 1990.
MENDES, Míriam Garcia. A Dança. São Paulo: Ática, 1987.
PORTINARI, Maribel. História da dança. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989.
WIKIPÉDIA – Enciclopédia livre